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Um cafuné na cabeça do colaborador | Kisoul

É lindo ver como certas coisas se conectam na vida. Esses dias um colaborador de uma empresa que possui uma biblioteca gerida por nós me entregou um livro que havia emprestado de lá e me disse: – André, leia esse capítulo. Tem tudo a ver com a Kisoul. O livro chama-se Não se desespere! – Provocações filosóficas, do Mario Sérgio Cortella. Abaixo, tomei a liberdade de transcrever quase todo o capítulo, para seguirmos a simples e brilhante linha de raciocínio do filósofo. [idea] Um cafuné na cabeça, malandro Bob Thaves, falecido em 1º de agosto de 2006, aos 81 anos, é o criador da estupenda “tirinha” de jornal “Frank e Ernest”. Norte americano, Thaves atuou muitos anos em psicologia industrial, antes de dedicar-se exclusivamente ao cartunismo, com um humor ácido, frequentemente irônico, às vezes inocente, e beirando a iconoclastia. Seguindo essa mesma linha de caráter, os dois personagens, Frank e Ernest, ainda encantam e surpreendem (…), hoje especialmente, serve bastante para pensar o ambiente organizacional e o cotidiano das pessoas. Umas dessas tiras é, para mim, inesquecível, e sempre gosto de relembrá-la ao falar sobre lazer, ócio, diversão e, claro, ambiente de trabalho. A dupla está conversando, em mais um de seus momentos de pouca dedicação, e Frank pergunta a Ernest: “Você acha que nós somos vagabundos?” Ernest não titubeia: “Não, nós não somos vagabundos; vagabundo é quem não tem o que fazer. Nós temos, só não fazemos…” Genial! Uma ideia claríssima: não confundir ócio com vagabundagem! Ócio não é sinônimo de desocupação, mas, isso sim, de escolha livre e prazerosa em relação ao que se deseja fazer, de modo a ser dono de seu próprio tempo. Não há, de fato, ócio para um prisioneiro ou desempregado, o que há é apenas desocupação. A finalidade central do aproveitamento do ócio não é “passar o tempo” ou “matar o tempo”. Aliás, como lembrou Millôr Fernandes, “Quem mata o tempo não é assassino, mas sim um suicida”. É por isso que o turismo é uma forma exuberante de fruir o ócio, no caso um ócio recreativo profundamente sábio, pois rompe a rotina, aumenta o conhecimento, expande o repertório intelectual e educa os múltiplos sentidos. O turismo é uma maneira voluntária e apreciável de fazer um agrado em si mesma ou em si mesmo. É um afago, uma carícia, ou como se dizia na mãe África, um cafuné. Lembra? Em 1980, Milton Nascimento lançou o disco Sentinela, e lá está uma música (dele, sobre o poema de Leila Diniz) com o título provocativo e verdadeiro: Um cafuné na cabeça, malandro, eu quero até de macaco. O lazer transmutado em passeio, viagem, caminhada, turnê, excursão é um delicioso autocafuné. Há empresas que não estimulam tal prática e nem facilitam parceria para que esse lazer seja incorporado ao universo dos empregados. Isso é falta de inteligência estratégica! Uma pessoa que for incentivada a usar o tempo livre para sair da monotonização do dia a dia, provocada a reinventar horizontes e desafiada a passear para dentro de si mesma, ganha mais vitalidade e, claro, produtividade e bem estar. Hoje, quando se fala em “Qualidade de vida” nas organizações, muitas se limitam a montar academias para exercícios no espaço de trabalho, fazer ginástica laboral antes do expediente, oferecer nichos de quick-massage. Isso é ponto de partida, mas, insuficiente. Serve bem para recompor energias momentaneamente, sem, contudo, favorecer o arejamento do espírito de forma mais substantiva e menos passageira. Está faltando “cafuné” no mundo do trabalho. Não é só uma passadinha de mão na cabeça, é de verdade, o compromisso com um lazer sadio, familiarmente partilhado e vetor de sustentabilidade. Turismo? Sem dúvida; ninguém perde com isso. Aí sim, não dá vontade excessiva de se ficar turistando no emprego. [/idea]   É justamente esse cafuné que o colaborador conectou à Kisoul e à iniciativa da biblioteca de sua empresa. A leitura é uma forma de fazer turismo, de conhecer lugares distantes e outras culturas, de tempos passados e até de tempos futuros. Seja na Itália dos anos 50 com Elena Ferrante, num barquinho cruzando o Atlântico com Amyr Klink, testemunhando um crime na Rússia Czarista com Dostoievski, ou provocando novas reflexões sobre a vida com Cortella, um livro nos permite ‘reinventar horizontes e passear para dentro de nós mesmos’. Por meio dos livros, nos tornamos uma parceira para estimular o autocafuné no universo dos colaboradores. Mais leitura. Pessoas e empresas mais conscientes e fortes. Por fim, deixo aqui a música do Milton Nascimento sobre um poema da Leila Diniz, citada no texto pelo filósofo. [video_embed video=”915QYlU5Oi4″ parameters=”” mp4=”” ogv=”” placeholder=”” html5_parameters=”” width=”700″ height=”400″] Deixo também parte de um poema que escrevi anos atrás ao fundar a Kisoul, que retrata um pouco de nossa essência. Qualquer semelhança com a música pode ser mera coincidência. Mas ver como certas coisas se conectam na vida é lindo demais.
Rez’ a lenda que sabe velejar aquele que abre e fecha as janelas do mar Entre ventos, gaivotas voam do lado de cá para lá Sem parar. Assistem de ambos os lados, os homens a navegar.
Título: Não Se Desespere – Provocações Filosóficas Autor: Mario Sergio Cortella Editora: Vozes Ano: 2013 Número de páginas: 144 Sua empresa tem uma biblioteca Kisoul e você quer ler esse livro? Nos mande um ‘oi’ que levamos ele para você =)